L. vivenciava as amargas, incialmente doces, transformações repentinas, as quais nem o próprio tempo consegue responder.
Logo nos primeiros minutos do seu calendário caleidoscópico ouvira uma voz que mais ouvia dentro de si do que advinda do plano tridimensional: 7.
L. tanto pensava em 7, tanto fantasiava, tecia mil diálogos que ecoavam dentro de si... 7 era a materialização que desfilava e se fazia ouvir. Havia tempo que L. esquecia de 7, mas quando se lembrava, tamanha era a intensidade de suas lembranças, L. não consegui suportara angútia crescente. Era todo coração, sem mãos.
L. era tímida demais. Camuflava sua tímidez o melhor que podia. E estar lá com 7 era ótimo. Era agradável, fazia sentido.
Mas cada qual tem seus demônios adormecidos. L., tinha a insipidez na alma depois do que lhe acontecera do último verão.
Passaram-ae outono, inverno e chegara a primavera. As cores e os ventos mudaram. As árvores tornaram-ae alaranjadas, depois o próprio vento as desnudara, embranqueceram, e a primavera lhe trouxera cores novamente.
Mas por dentro, era tudo clareira. Era ensurdecedor. Como se o grito fosse tamanho que nada mais se fizesse ouvir.
Assim como Saramago descrevia a cegueira pelo excesso de luz, "uma cegueira branca".
Todo trunfo de L. era toda a sua dor. Seu penar esgotara a sua capacidade de sentir dor.
Era impossível entorpecer-se em belas aspirações. Cada vez que uma delas começava a tentar povoar o sentir de L. o exterior, cravava suas garras. Não há sentir mais profundo que o sentir da horizontalidade.
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